Refutação - Isaías 53 Fala de Jesus?
Isaías 53, passagem conhecida como O Servo Sofredor, é comumente usada como uma prova de que Jesus era o messias. Segue a passagem com os pontos relevantes:
"1 Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?
2 (...) ; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.
3 Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; (...)
6 (...), mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos.
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
8 (...) Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido.9 E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte;
(...)
10 Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias;
(...)
11 (...); com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si.
12 (...) porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores."
11 (...); com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si.
12 (...) porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores."
Então temos os seguintes pontos para análise:
1) Não acreditariam no messias, supostamente cumpridas em João 12:37,38 (ver Isaías 53:01).
2) O messias seria rejeitado e desprezado, supostamente cumpridas por Jesus quando o seu próprio povo não acreditou nele, de acordo com João 01:11 e 07:05 (ver Isaías 53:03).
3) O messias seria ferido, supostamente cumpridas pelo açoitamento de Jesus em Mateus 27:26 (ver Isaías 53:05).
4) O messias ficaria em silêncio diante dos seus acusadores, supostamente cumpridas em Mateus 27:12,13 (ver Isaías 53:07).
5) O messias seria sepultado em um túmulo oferecido por um homem rico, supostamente cumprida através de José de Arimatéia em Mateus 27:57-60 (ver Isaías 53:09).
6) O messias seria preso como um criminoso e seria crucificado juntamente com criminosos, supostamente cumprida em Mateus 27:38, Marcos 15:27 e Lucas 23:32,33 (ver Isaías 53:12).
7) O messias intercederia pelos seus perseguidores, supostamente cumprida em Lucas 23:34 (ver Isaías 53:12)
À parte a falta de qualquer comprovação de que as coisas ocorreram como contam os evangelhos, temos vários problemas com esta "profecia":
1) De acordo com Isaías 53:03, o servo sofredor seria "rejeitado e desprezado". Porém, é muito duvidoso que tenha se cumprido em Jesus, visto que ele foi largamente aceito. Segundo os evangelhos, ele ensinou nas sinagogas, foi louvado por muitos e buscado por grandes multidões, tendo feito até mesmo uma "Entrada Triunfal" em Jerusalém (Mateus 21:08-11; João 12:12,13).
2) No versículo 4, é dito que ele foi "ferido por Deus", sendo que a palavra hebraica para "ferido" é comumente usada nas escrituras dos hebreus como sendo referente a alguma doença, como a lepra (1 Reis 15:05, Números 11:33, 1 Samuel 05:06, Zacarias 14:12, etc ), mas nada indica que Jesus tenha sofrido de qualquer doença, de modo que esta passagem não pode ser aplicada a ele.
3) Quanto ao versículo 07 de Isaías 53, que diz que o "servo" ficaria em silêncio diante dos seus acusadores, também há sérios problemas. O versículo 07 diz duas vezes: "Não abriu a sua boca" (ficaria mudo como uma ovelha). Contudo, João 18:33-37 e 19:11, mostra que Jesus dialogou com Pilatos. Em cada um dos quatro evangelhos Jesus abriu a sua boca e disse algo diante dos seus acusadores. Desse modo, Jesus não cumpriu esta parte da profecia.
4) O versículo 09 diz: "E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte". Não está muito claro como isto pode ser aplicado a Jesus, pois não havia nenhum outro corpo no túmulo onde ele foi colocado. A passagem, definitivamente não diz que ao messias teria uma sepultura oferecida a ele por um homem rico, de modo que o alegado cumprimento desta profecia não passa de outra distorção.
5) O versículo 10 diz: "todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias..." Mas isso também não pode ser aplicado a Jesus, pois, como foi dito, ele não foi vítima de nenhuma doença, não teve posteridade e muito menos uma vida longa.
6) Na verdade, Isaías 53 não menciona o messias. De fato, quando olhamos o capítulo mais de perto, é difícil encontrar alguma coisa nele que possa ser aplicada a Jesus. O versículo 01 na verdade não diz que a mensagem do servo não seria aceita, mas simplesmente pergunta, "Quem deu crédito à nossa pregação?". Tudo indica não haver nenhuma profecia afinal. Nem há indicação de que o messias seria preso como um criminoso, nem punido ou crucificado com criminosos ou feita alguma intervenção pelo seus perseguidores. Nada disto está lá.
7) O versículo 6 diz que "o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos." e isso parece se encaixar bem com Jesus, porém existe uma interpretação judaica de Isaías 53 muito plausível.
O servo sofredor seria a nação de Israel, representada pelo rei Uzias, que reinava na época e vindo a morrer de lepra. Segundo Shmuel Golding, a mensagem de Isaías pode ter sido: "Aqui está o seu rei leproso, o qual está sofrendo sob as mãos de Deus por vocês a nação transgressora de Israel" (O que explicaria o sexto versículo). Uzias foi tirado do palácio real devido a sua aflição como um leproso e passou o resto do seus dias isolado, o que encaixa com o versículo 8.
Golding diz que Israel é representado como um Servo Sofredor por causa do seu rei ungido ter sido atingido pela lepra. Israel, assim como o leproso, é um servo sofredor de Deus. Ambos sofreram humilhações nas mãos do próximo: o leproso por causa da sua aparência horrenda; Israel pela sua derrota frente aos babilônios. O teor da mensagem é que tanto Israel quanto o leproso sofreram, mas mesmo assim manterá sua identidade como povo exilado judeu e que prosperarão dessa forma.
Essa interpretação de Isaias 53 parece preferível a cristã porque ela não oferece os empecilhos referentes aos pontos 1–6 mencionados acima. Ela também explicaria as muitas mudanças de tempo verbal que ocorrem no capitulo. E Israel é, de fato, chamado de “Servo de Deus” (e.g. Isaias 49:03). Assim, a interpretação dada não transforma o capitulo numa profecia, mas em uma explicação da situação de Israel no tempo de Isaias.
Com isso tudo acima, a aplicação de Isaías 53 feita pelos cristãos a Jesus fica, se não devidamente refutada, muito duvidosa.
Aproveite e espalhe a palavra ;-)
1) Não acreditariam no messias, supostamente cumpridas em João 12:37,38 (ver Isaías 53:01).
2) O messias seria rejeitado e desprezado, supostamente cumpridas por Jesus quando o seu próprio povo não acreditou nele, de acordo com João 01:11 e 07:05 (ver Isaías 53:03).
3) O messias seria ferido, supostamente cumpridas pelo açoitamento de Jesus em Mateus 27:26 (ver Isaías 53:05).
4) O messias ficaria em silêncio diante dos seus acusadores, supostamente cumpridas em Mateus 27:12,13 (ver Isaías 53:07).
5) O messias seria sepultado em um túmulo oferecido por um homem rico, supostamente cumprida através de José de Arimatéia em Mateus 27:57-60 (ver Isaías 53:09).
6) O messias seria preso como um criminoso e seria crucificado juntamente com criminosos, supostamente cumprida em Mateus 27:38, Marcos 15:27 e Lucas 23:32,33 (ver Isaías 53:12).
7) O messias intercederia pelos seus perseguidores, supostamente cumprida em Lucas 23:34 (ver Isaías 53:12)
À parte a falta de qualquer comprovação de que as coisas ocorreram como contam os evangelhos, temos vários problemas com esta "profecia":
1) De acordo com Isaías 53:03, o servo sofredor seria "rejeitado e desprezado". Porém, é muito duvidoso que tenha se cumprido em Jesus, visto que ele foi largamente aceito. Segundo os evangelhos, ele ensinou nas sinagogas, foi louvado por muitos e buscado por grandes multidões, tendo feito até mesmo uma "Entrada Triunfal" em Jerusalém (Mateus 21:08-11; João 12:12,13).
2) No versículo 4, é dito que ele foi "ferido por Deus", sendo que a palavra hebraica para "ferido" é comumente usada nas escrituras dos hebreus como sendo referente a alguma doença, como a lepra (1 Reis 15:05, Números 11:33, 1 Samuel 05:06, Zacarias 14:12, etc ), mas nada indica que Jesus tenha sofrido de qualquer doença, de modo que esta passagem não pode ser aplicada a ele.
3) Quanto ao versículo 07 de Isaías 53, que diz que o "servo" ficaria em silêncio diante dos seus acusadores, também há sérios problemas. O versículo 07 diz duas vezes: "Não abriu a sua boca" (ficaria mudo como uma ovelha). Contudo, João 18:33-37 e 19:11, mostra que Jesus dialogou com Pilatos. Em cada um dos quatro evangelhos Jesus abriu a sua boca e disse algo diante dos seus acusadores. Desse modo, Jesus não cumpriu esta parte da profecia.
4) O versículo 09 diz: "E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte". Não está muito claro como isto pode ser aplicado a Jesus, pois não havia nenhum outro corpo no túmulo onde ele foi colocado. A passagem, definitivamente não diz que ao messias teria uma sepultura oferecida a ele por um homem rico, de modo que o alegado cumprimento desta profecia não passa de outra distorção.
5) O versículo 10 diz: "todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias..." Mas isso também não pode ser aplicado a Jesus, pois, como foi dito, ele não foi vítima de nenhuma doença, não teve posteridade e muito menos uma vida longa.
6) Na verdade, Isaías 53 não menciona o messias. De fato, quando olhamos o capítulo mais de perto, é difícil encontrar alguma coisa nele que possa ser aplicada a Jesus. O versículo 01 na verdade não diz que a mensagem do servo não seria aceita, mas simplesmente pergunta, "Quem deu crédito à nossa pregação?". Tudo indica não haver nenhuma profecia afinal. Nem há indicação de que o messias seria preso como um criminoso, nem punido ou crucificado com criminosos ou feita alguma intervenção pelo seus perseguidores. Nada disto está lá.
7) O versículo 6 diz que "o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos." e isso parece se encaixar bem com Jesus, porém existe uma interpretação judaica de Isaías 53 muito plausível.
O servo sofredor seria a nação de Israel, representada pelo rei Uzias, que reinava na época e vindo a morrer de lepra. Segundo Shmuel Golding, a mensagem de Isaías pode ter sido: "Aqui está o seu rei leproso, o qual está sofrendo sob as mãos de Deus por vocês a nação transgressora de Israel" (O que explicaria o sexto versículo). Uzias foi tirado do palácio real devido a sua aflição como um leproso e passou o resto do seus dias isolado, o que encaixa com o versículo 8.
Golding diz que Israel é representado como um Servo Sofredor por causa do seu rei ungido ter sido atingido pela lepra. Israel, assim como o leproso, é um servo sofredor de Deus. Ambos sofreram humilhações nas mãos do próximo: o leproso por causa da sua aparência horrenda; Israel pela sua derrota frente aos babilônios. O teor da mensagem é que tanto Israel quanto o leproso sofreram, mas mesmo assim manterá sua identidade como povo exilado judeu e que prosperarão dessa forma.
Essa interpretação de Isaias 53 parece preferível a cristã porque ela não oferece os empecilhos referentes aos pontos 1–6 mencionados acima. Ela também explicaria as muitas mudanças de tempo verbal que ocorrem no capitulo. E Israel é, de fato, chamado de “Servo de Deus” (e.g. Isaias 49:03). Assim, a interpretação dada não transforma o capitulo numa profecia, mas em uma explicação da situação de Israel no tempo de Isaias.
Com isso tudo acima, a aplicação de Isaías 53 feita pelos cristãos a Jesus fica, se não devidamente refutada, muito duvidosa.
Aproveite e espalhe a palavra ;-)
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