terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Estamos na ativa novamente - 2012 ( Motivação )

“O que loucos escreveram, imbecis comentam, patifes ensinam e fazem as criancinhas aprenderem de cor; e chamam de blasfemo o sábio que se indigna e se irrita com as mais abomináveis inépcias que já desonraram a natureza humana!” - Voltaire




O propósito deste blog às vezes é obscuro mesmo para mim. Ninguém entende o que eu pretendo ao atacar este que é, sem dúvida, um dos seres mais detestáveis que a imaginação humana já foi capaz de criar. Muitos acham revoltante o fato de eu lançar um ataque direto contra Deus em vez de me voltar contra a Igreja e o fanatismo, verdadeiros responsáveis por todos os males que a religião acarreta. É óbvio que eu não acredito que algum ser sobrenatural seja responsável pelos males da Terra. O homem é lobo do homem. Toda miséria e todo derramamento de sangue que acontece no mundo é obra da corrupção humana, mas poucas ideias corrompem tão bem a humanidade quanto um deus. Eu não acredito no criador descrito no Antigo Testamento, bem como não acredito no dilúvio universal ou em qualquer outro massacre perpetrado por esta besta furiosa a quem os crentes chamam de Javé; mas eu acredito no poder das ideias.


Eu acredito, e há dez séculos de provas a favor disso, que um homem inescrupuloso pode controlar a maioria da humanidade com apenas uma ideia bem manipulada. Os manipuladores da ideia antiga segregam as pessoas, pilham o fruto do seu trabalho, controlam seus comportamentos, empobrecem suas vidas, e quando são combatidos, seu exército de zumbis se levanta sem medo, avido pela recompensa divina ao seu ato de bravura. Esta ideia destruidora do gênero humano é deus, e considerando que a maior parte das religiões do mundo são cristãs, esta ideia é o Deus com D maiúsculo em que muitos acreditam. É a esta ideia que eu aponto um canhão de lógica e, se me fosse possível, esta seria a ideia que eu gostaria que desaparecesse do mundo. Minha luta é contra a cegueira religiosa. Sou anticristão porque a religião mais alienante do mundo - e com maior raio de ação - é o cristianismo; se o mito dos duendes da Bavária fosse o grande responsável pela alienação, eu seria antiduendino e repudiaria a Oktoberfest.


Ninguém sabe como seria viver em uma sociedade de ateus, mas o mundo não está bom agora e eu colocaria a mão no fogo pelo planeta laico. E eu desprezo completamente pessoas que me perguntam "Ah, você é ateu? Então porque você não sai matando todo mundo, se você não acredita em inferno!?" pois existem pouquíssimas pessoas que efetivamente deixam de pecar por medo da punição divina, enquanto que o medo do sistema judiciário e, às vezes, o nosso próprio sentimento moral, são inibidores de crimes muito mais eficientes.


Muitos ficam na dúvida se eu sou ou não sou ateu pelo fato de eu falar do deus do Antigo Testamento como algo real. Eu faço isso como uma tentativa de mostrar a divindade como algo execrável, pois para isso basta demonstrar seus atos descritos no livro que os crentes acreditam ter sido ditado por Deus a homens inspirados. A questão não é discutir a existência ou não existência de Deus, pois há pessoas que acreditam em um criador e que são perfeitamente racionais, como o meu mestre Voltaire. A questão é que, se você acredita no Deus com D maiúsculo, no Javé, no Senhor dos Exércitos, etc. você está aceitando para si um deus machista, homofóbico, racista, infanticida, genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, caprichoso e malevolente¹, a quem os sacerdotes têm a coragem de atribuir a perfeição. Nota-se facilmente que os fanáticos religiosos, depois de muita hipnose coletiva e autossugestão, demonstram este mesmo temperamento insuportável, tentando fazer jus à alcunha de “imagem e semelhança de deus”. Como já disse antes, eu não acredito em deus e, consequentemente, não acredito em seus atos. O meu interesse é atacar a ideia que move bilhões de pessoas para uma vida de intolerância e cegueira, pois já existem pessoas mais competentes que eu atacando a instituição e os manipuladores. Trata-se de uma imitação de Voltaire, que acreditava em um deus criador, justo e bom, e que por isso atacava com todas as suas forças o deus difundido pela igreja, belicoso, vingativo e totalmente imperfeito.


Na verdade pouco importa, ao propósito do blog, se eu sou ou não sou ateu. Eu poderia muito bem ser um cristão que começou a ler a Bíblia e pensou “what in the fucking hell is this, man?!”, mas eu acho inocente da parte de algumas pessoas imaginarem isso de mim porque 1. São raros os crentes que realmente conhecem a Bíblia e 2. São mais raros ainda os crentes que, ao ler a Bíblia, questionariam os atos vergonhosos do todo poderoso, o que, aliás, é uma covardia que leva anos para ser desenvolvida. Quando uma criança vê o pai batendo na mãe, a sua revolta é evidente, e pode leva-la a tentar interromper a surra, mesmo que sobre para ela. O pai é uma autoridade machista, no caso, e mesmo assim a criança se digna a peita-lo, pois percebe o sofrimento da mãe e entende que isso é uma coisa ruim, que deve ser interrompida. Quando Deus massacra milhões de pessoas e manda seus fiéis matarem mais alguns milhares, não poupando o velho nem a criança de peito, o princípio de que “deus sabe o que faz” e de que “não cabe a nós questiona-lo” torna-se o cúmulo da indiferença em relação ao sofrimento alheio.


Um cristão pode gaguejar, fazer rodeios ou mesmo se revoltar quando você toca nesse assunto com ele, mas raramente ele lhe dirá que você tem razão, e que realmente não está correto tanta crueldade vinda de um ser dito superior. E disso você pode concluir que, ou ele percebe que os atos de deus são impiedosos, mas guarda estas dúvidas ímpias consigo, não se manifestando por medo de reprovação dos irmãos; ou que ele realmente já chegou a um nível superior de autoconvencimento, absorveu os preconceitos daqueles bandoleiros nômades estúpidos e, de fato, se tornou a imagem e semelhança de seu desprezível criador.




                                                                                                                                                 
1- Clássica definição de Richard Dawkins. Trecho completo: "O deus do Velho Testamento é provavelmente o mais desagradável dos seres em toda a ficção. O ciúme e o orgulho do mesmo o leva a um mimado e imperdoável controle dos mais fracos com evidente sede de sangue e limpeza racial. Um machista, homofóbico, racista, infanticida, genocida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, caprichoso e malevolente fanfarrão."


http://monologoscomdeus.blogspot.com/

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