quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.”‘(Hebreus; 11:1)

Fé é a “prova das coisas que não vemos”? Não, o crente não pode aceitar isso como sendo verdade e, mais uma vez, tem que discordar do seu Deus, sujeitando-se, como sempre, a catar da Palavra o que ainda dá para aproveitar: “Fé é a certeza daquilo que esperamos”. Uma definição válida, de fato, mas de aplicação limitadíssima, que exclui de forma paradoxal o uso religioso do termo, justamente por causa da palavra “certeza”. O crente não tem certeza de nada com relação a Deus e a tudo que lhe diz respeito. Ele acredita nas coisas que sua doutrinação religiosa lhe ensinou a considerar como verdade, mas essa fé que ele alega ter não bate com a definição do seu livro sagrado. Ele está se valendo, então, da minha definição:

Fé é a vontade que as pessoas têm de que as coisas sejam ou aconteçam como elas gostariam.”

A fé religiosa, despida de toda a hipocrisia com que se revela ao mundo, não passa disso: vontade. Uma vontade premente de que o sonho encantado de imortalidade patrocinado por Deus seja mesmo real. O fascínio que o crente tem por esse sonho acabou por condicionar o seu cérebro a buscar na realidade em volta apenas aquilo que reforça a perspectiva de ter aquela vontade atendida, ao mesmo tempo em que descarta, sem melindres, tudo o que lhe faria pensar o contrário.

Uma vez cativado pela tola ilusão de ainda ter uma consciência no dia seguinte ao seu velório, o religioso se investe da certeza de que a sua vontade — a sua crença, a sua fé — é mais do que suficiente para lhe provar que Deus existe e, por tabela, que a morte não é o fim. E é esse o grande trunfo da religião: agregar o maior número possível de pessoas para lhe dizer que ele está certo.


 Fonte :http://deusilusao.com/2014/01/25/o-vicio-morbido-das-palavras-vas-parte-3/

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