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Pobres, moravam há oito anos em barracos dentro de um terreno de alguns milhões de reais. Eram um estorvo, vítimas de um apartheid social em pleno século 21. Ninguém os queria lá e, após incontáveis idas e vindas, uma verdadeira operação de guerra foi montada para removê-los da área.
A grande maioria dos “locais”, aqueles que moram em casas de alvenaria nas redondezas do acampamento, silenciosamente torciam para que o bairro fosse “limpo”. Eles tinham suas razões. Afinal de contas, seus imóveis perderam valor e os índices de violência na vizinhança estavam cada vez maiores.
Não, esta não é a sinopse do brilhante filme “DISTRITO 9”, de Peter Jackson e Neill Blomkamp (que você pode conferir o trailer abaixo e tirar suas conclusões sobre este pequeno texto).
Trata-se, sim, da história dos moradores do Pinheirinho, ou, do Distrito 9 de São José dos Campos. Para grande parte da população joseense, quem morava naquela área nem precisava ser um alienígena com aparência de inseto para causar ojeriza. Bastava estar lá.
Antes que comecem a me apedrejar (sim, isso virou moda por aquelas bandas), quero deixar claro que aqui não defendo os sem-teto, governos, nem a polícia … ninguém. Não concordo com quem invade a propriedade alheia (“aquilo que não é meu, não me pertence”); mas também não aprovo a letargia e má vontade política demonstrada por nossos administradores e legisladores nos últimos oito anos. Isso mesmo: oito anos!
Não foram oito semanas, ou oito meses.
O que quero aqui é traçar um paralelo. E aquele ditado: que “a vida imita a arte” se aplica à história da “BATALHA DO PINHEIRINHO”.
Ver famílias inteiras arrastando suas coisas pela rua, deixando para trás aquilo que convencionaram a chamar de “lar”, foi de cortar o coração.
Ver as pessoas transformadas em números, com números colados no peito, quando se apresentavam ao Centro de Triagem, serviu para provar algo.
TODOS NÓS perdemos.
Perderam os sem-teto que pensavam verdadeiramente que iriam construir seu futuro no Pinheirinho (não os profissionais, os baderneiros e muito menos os irresponsáveis que operaram a indústria do boato durante as horas amargas de operação).Perderam os “poderes” Executivo e Legislativo de nossa cidade (como dormir com 1.704 famílias nas ruas?).
Perdemos nós, que mostramos nossa faceta mais repugnante e inescrupulosa quando buscamos algum interesse (não importando de que lado estamos).
Agora, a pergunta que não quer calar: este foi o fim do Distrito 9 de São José dos Campos?
Fonte:http://hipertexto.ovale.com.br/o-distrito-9-de-sao-jose/
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