Pesquisadores jamais conseguiram encontrar provas históricas da existência de Cristo.
Os quatro Evangelhos oficiais, aceitos pela Igreja Católica como verdadeiros, são documentos legítimos e constituem o maior INDÍCIO (eu disse indício e não prova cabal) de que Jesus realmente viveu na Palestina, no século I d.C.
Mas, do ponto de vista arqueológico, não são documentos confiáveis. Embora levem os nomes de quatro dos doze apóstolos originais, no entanto, os relatos da vida de Cristo que constam da Bíblia não foram escritos realmente pelos apóstolos.
O primeiro evangelho a ser escrito foi o de Marcos. Os estudiosos da Bíblia acreditam que o texto foi finalizado entre 66 e 68 d.C., antes que Jerusalém fosse destruída, no ano 70. Entre 10 e 20 anos depois disso, apareceram os relatos de Lucas e Mateus – o primeiro fortemente baseado em Marcos, o segundo mais polêmico por conter elementos políticos. Por fim, o Evangelho de João, mais místico e etéreo que os demais, apareceu no ano de 90 d.C. .
Um detalhe importante é que existem dezenas de outros Evangelhos, todos escritos entre os séculos I e II d.C., pelos primeiros seguidores cristãos. Um dos mais importantes, para os pesquisadores atuais, é o de Tomé, escrito na mesma época do de João. A Igreja Católica, contudo, rejeita todos os demais desde o século III. Eles são chamados de apócrifos. Não existem motivos históricos para que a Igreja tenha selecionado exatamente os quatro que lemos na Bíblia. O mito conta que uma pomba – símbolo do Espírito Santo – pousou nos quatro relatos confiáveis, em um dia, na igreja romana em que os sacerdotes cristãos estavam fazendo a seleção. Pouca gente acredita nisso.
Os pesquisadores modernos afirmam que, na verdade, nenhum evangelho foi escrito por personagens que presenciaram a vida de Cristo. Os textos teriam sido redigidos com base em histórias orais, que se espalharam pela Palestina, anos após a morte de Jesus, enquanto o culto ao Cristianismo crescia.
Outras fontes históricas além dos Evangelhos existem, mas são todas suspeitas. A história de Jerusalém no período de Cristo foi escrita por um historiador judeu, Flávio Josefo, que viveu entre os anos 37 e 95 d.C. Josefo, assim como os historiadores romanos Tácito (116 d.C.) e Suetônio (120 d.C.), menciona um personagem chamado Cristo, líder de uma rebelião e criador de uma seita, que teria sido morto pelos romanos.
Ocorre que os pesquisadores não entram em consenso sobre a autenticidade dos textos deixados por esses três autores. Desde o século XVII, acredita-se que as menções a Jesus podem ter sido incluídas nos textos depois da morte dos escribas, justamente para reforçar a crença no Cristianismo. Os manuscritos do Mar Morto, uma coleção de centenas de textos da época descobertos em 1947, não fazem nenhuma referência a Cristo, e isso também alimenta o argumento das falsificações.
De qualquer forma, muitas informações históricas a respeito dos relatos dos Evangelhos são confirmadas por achados arqueológicos recentes. Em 1962, arqueólogos encontraram uma inscrição comprovando Pôncio Pilatos, tido como o homem que condenou Jesus à morte, como governador da Judéia na época de Cristo. Isso confirmou, pela primeira vez, a narrativa dos evangelhos bíblicos. Até então, jamais se havia provado que Pilatos havia existido.
Em 1968, em Jerusalém, foi encontrada pela primeira vez a prova de que a crucificação era mesmo um método de tortura e morte usado na época pelos romanos. Arqueólogos encontraram ossos perfurados por pregos de metal dentro de uma caverna da cidade sagrada dos cristãos.
Outro personagem bíblico cuja existência já foi provada é o sacerdote Caifás, o polêmico líder judeu que teria pressionado Pilatos a condenar Cristo à morte. Uma caixa de calcário usada para guardar ossadas foi identificada como o ossário de Caifás, depois de muitos exames. A caixa foi encontrado em 1990, quando operários construíam um parque nos arredores de Jerusalém e desenterraram o artefato. O ossário de Caifás continha os esqueletos de seis pessoas. Um deles, o de um homem de 60 anos, seria do sacerdote.
Há ainda duas peças históricas que poderiam comprovar cientificamente a existência de Cristo, mas cuja autenticidade – ou mesmo falsificação – jamais foi comprovada com 100% de certeza. A primeira é o Santo Sudário. Trata-se de uma peça de linho com 4,36 metros de comprimento por 1,10 de largura, guardado em Turim (Itália). O negativo de um homem crucificado, com as mesmas marcas de tortura descritas nos evangelhos, está impresso em sangue no pano.
O Santo Sudário é venerado desde o século XIV. No final dos anos 1980, contudo, o tecido foi analisado por três equipes independentes e datado com radioatividade. A conclusão de todos foi de que o linho havia sido produzido na Idade Média, entre 1260 e 1390. Só que estudos mais recentes sugerem que bactérias acumuladas durante os séculos podem ter prejudicado as datações. Além disso, houve um achado intrigante: foram encontrados no tecido grãos de pólen de uma flor típica do Oriente Médio, que floresce na mesma época da crucificação descrita nos evangelhos. O assunto do Sudário, portanto, continua em aberto.
A outra peça história é mais recente. Trata-se do possível ossário de Tiago, um dos irmãos (ou primos) de Jesus, que também foi apóstolo. A urna de calcário foi descoberta em 2002, por um estudioso francês, em poder de um comerciante israelense que teria comprado o artefato em 1970, num antiquário de Jerusalém. Na urna, havia uma inscrição em aramaico, a língua falada por Cristo: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. A datação mostrou que o artefato era do século I d.C.
A combinação dos três nomes, por eliminação matemática, comprovaria que o Jesus citado era mesmo Cristo. Além disso, no século I d.C., não era comum incluir na inscrição o nome de outros parentes que não fossem o pai – a não ser que esse parente fosse famoso, como era o caso de Cristo. No entanto, pesquisadores norte-americanos que examinaram a caixa acreditam que a segunda parte da inscrição (justamente o “irmão de Jesus”) pode ter sido gravada na pedra muitos séculos depois, durante a Idade Média.
Como se vê, apesar dos esforços, a Ciência nunca conseguiu provar a existência física de Cristo. Mas pouca gente realmente acredita que ele seja uma invenção, um mito. Os indícios são fortes demais para serem ignorados. E, além do mais, a própria Igreja Católica é categórica nesse sentido: a mensagem de Jesus é muito mais importante do que a comprovação da existência dele. É uma questão de fé.